terça-feira, 29 de março de 2011

Homenagem a José Alencar

Conhecem-se poucos brasileiros que dedicando-se a política tenham mantido sua dignidade. Por isso, quis fazer uma homenagem ao nosso ex vice presidente que nunca se esqueceu de suas origens e mostrou-se bravo e honrado durante toda a sua permanência na Terra.



INICIAÇÃO


Não dormes sob os ciprestes,

Pois não há sono no mundo.

O corpo é a sombra das vestes

Que encobrem teu ser profundo.


Vem a noite, que é a morte,

E a sombra acabou sem ser.

Vais na noite só recorte,

Igual a ti sem querer.



Mas na Estalagem do Assombro

Tiram-te os Anjos a capa :

Segues sem capa no ombro,

Com o pouco que te tapa.


Então Arcanjos da Estrada

Despem-te e deixam-te nu.

Não tens vestes, não tens nada :

Tens só teu corpo, que és tu.



Por fim, na funda caverna,

Os Deuses despem-te mais.

Teu corpo cessa, alma externa,

Mas vês que são teus iguais.



A sombra das tuas vestes

Ficou entre nós na Sorte.

Não 'stás morto, entre ciprestes.

Neófito, não há morte.


(Fernando Pessoa)

2 comentários:

  1. Pois é, Big Lui! A melodia é feita de silêncio e som!

    Obrigado pelo comentário e até breve!

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